Plástico, problema em crescimento

LANA PINHEIRO

28/04/2023 – 0:45

Um dos maiores agressores do meio ambiente produzido pelo homem está longe de ter um substituto sustentável em larga escala: o plástico. Segundo o relatório Panorama Global dos Plásticos: Cenários Políticos até 2060 (em tradução livre) o consumo global do material chegará a 1,23 bilhão de toneladas em 2060, contra 460 milhões de toneladas em 2019, ano base do documento produzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O impacto no meio ambiente será diretamente proporcional.

Mantendo-se o intervalo de comparação, 2019 e 2060, o acúmulo de plásticos em rios e oceanos passará de 353 milhões de toneladas para 1 bilhão de toneladas, apontou o documento.

Divulgação

“Se quisermos um mundo livre de poluição plástica, de acordo com as ambições da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, precisaremos adotar ações muito mais rigorosas e coordenadas globalmente” Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.

O relatório estima que quase dois terços desses resíduos serão de itens de vida curta, como embalagens, produtos de baixo custo e têxteis. “Se quisermos um mundo livre de poluição plástica, de acordo com as ambições da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, precisaremos adotar ações muito mais rigorosas e coordenadas globalmente”, disse o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, durante o lançamento do documento.

Entre as políticas sugeridas pela organização para diminuir o problema estão o aumento de impostos sobre plásticos, incluindo embalagens plásticas; incentivos à reutilização e reparação de artigos de plástico; e infraestrutura aprimorada de gerenciamento de resíduos e aumento das taxas de coleta de lixo.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1322 da Revista Dinheiro)

Brasil queimou área duas vezes maior que o Mato Grosso entre 1985 e 2022, diz levantamento

Análise do MapBiomas mostra detalhes dos 185 milhões de hectares de vegetação queimados no país nos últimos 38 anos

Mapeamento divulgado hoje (26) pelo MapBiomas revela que as queimadas nos biomas brasileiros atingiram uma área equivalente a duas vezes o estado do Mato Grosso no período entre 1985 e 2022. Nesses 38 anos, mais de 185 milhões de hectares de vegetação, ou 21,8% do território nacional, foram afetados por incêndios, sendo 86% dessa área na Amazônia e no Cerrado. Os dados são da Coleção 2 do MapBiomas Fogo, novo conjunto de informações coletadas pela ONG.

Segundo o levantamento, feito por meio de análise de imagens dos satélites Landsat 5, 7 e 8, 16 milhões de hectares de vegetação foram atingidos pelas chamas todos os anos, em média – o equivalente ao tamanho do estado do Acre.

 Áreas queimadas em mais de um ano da série histórica foram contabilizadas apenas uma vez na contagem total. Ou seja, os 185 milhões de hectares são a soma de todos os pontos que viram fogo em pelo menos um momento desses 38 anos. Mas não foram poucos os que queimaram mais de uma vez: 63% das áreas incendiadas sofreram com o fogo ao menos duas vezes.

A Amazônia concentrou 43,6% da área queimada no país no período analisado. Foram cerca de 81 milhões de hectares atingidos, quase 1/5 da parte brasileira do bioma. 61% dessa área queimou pelo menos duas vezes, com 13% dela tendo sido queimada pelo menos cinco vezes. 

Já o Cerrado, que concentra 42,7% da área atingida pelo fogo no Brasil – quase 40% do bioma –, foi o que teve mais áreas queimadas pelo menos 16 vezes, ou uma vez a cada dois anos: 2 milhões de hectares, o equivalente a 13 cidades de São Paulo.

Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), explica que o fogo pode ser um aliado, dependendo de onde ele ocorre. “O fogo só é ruim quando é utilizado de forma inadequada e em biomas que não dependem do fogo para se manter, como a Amazônia. Em biomas como o Cerrado, o Pantanal, o Pampa, o fogo tem um papel ecológico e ele deve ser manejado de forma correta para não virar um agente de destruição”, frisa. Segundo ela, “queimas prescritas e controladas” ajudam a controlar a quantidade de material combustível no ambiente, evitando grandes incêndios.

Embora possa se beneficiar do fogo controlado, o Pantanal acabou sofrendo exatamente com o descontrole das queimadas. A planície alagável, que sofreu com grandes incêndios em 2020, viu mais da metade de sua área queimar no período analisado: 51,1%, se isolando como o bioma mais atingido proporcionalmente no país. 

Por outro lado, os proporcionalmente menos atingidos foram a Caatinga (12,2%), a Mata Atlântica (6,2%) e o Pampa (2,4%).

Vera Arruda, coordenadora operacional do MapBiomas Fogo e pesquisadora do IPAM, por sua vez, alerta que o Cerrado também vem sofrendo mais queimadas do que o normal. “O Cerrado é um bioma que evolui com a presença do fogo, sendo parte natural do seu ecossistema, onde muitas espécies vegetais e animais dependem dele para sua sobrevivência. Porém, a frequência e intensidade do fogo têm aumentado nos últimos anos, devido ao desmatamento e às mudanças climáticas que causam o aumento da temperatura e da seca”, pontuou.

Ane Alencar citou ainda a influência de fenômenos climáticos no número de focos. “Percebemos claramente que em anos de El Niño temos mais ocorrência de incêndios, como nos últimos El Niños [2015-2016 e 2019], se comparados aos anos de La Niña, quando chove mais na Amazônia [2018 e 2021]. A exceção a essa regra foi 2022, quando mesmo sendo um ano de La Niña, a Amazônia queimou bastante”, exemplificou. 

A época do ano também tem influência: os meses entre julho e outubro concentram 79% da área queimada no Brasil, com 34% só em setembro – no Cerrado, quase 90% das queimadas ocorrem dentro desses 4 meses. A exceção é a Caatinga, com 60% de suas queimadas entre outubro e dezembro. 

Mato Grosso, que conta com o Pantanal, a Amazônia e o Cerrado em suas fronteiras, acabou sendo o estado com mais áreas queimadas no país: foram mais de 43 milhões de hectares queimados. Pará, com 27,5 milhões, e Maranhão, com 18,2 milhões, completam o pódio. As cidades com maior área queimada foram Corumbá (MS), São Félix do Xingu (PA) e Formosa do Rio Preto (BA).

Fonte: https://oeco.org.br/noticias/brasil-queimou-area-duas-vezes-maior-que-o-mato-grosso-entre-1985-e-2022-diz-levantamento/ ((o))eco 01/05/2023

Precisaríamos de 5 milhões de anos para recuperar os mamíferos extintos

Angalifu morre e espécie de rinoceronte atinge número assustador (Foto: Reprodução)
 RINOCERONTES PODEM ENTRAR EM EXTINÇÃO EM BREVE (FOTO: REPRODUÇÃO)

Um estudo publicado na revista científica PNAS por cientistas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, calcula a rapidez com que espécies de mamíferos estão sendo extintas e quanto tempo de evolução seria necessário para trazer de volta à Terra a sua biodiversidade atual. O resultado não foi nada animador: muitos desses animais tendem a desaparecer nos próximos 50 anos e precisaríamos de entre três a cinco milhões de anos para recuperá-los.

Outra hipótese trazida pelos especialistas diz que seria necessário entre cinco e sete milhões de anos para que o nosso planeta retornasse ao estado que o reino animal era antes da evolução dos humanos modernos.

Para chegar a esses números, os pesquisadores usaram um banco de dados contendo espécies de mamíferos existentes e outras já extintas em comparação com o número de seres humanos no planeta. Esses dados foram combinados com informações sobre as extinções esperadas para os próximos 50 anos, além da simulação de quanto tempo levaria para sua recuperação.

As estimativas se baseiam na suposição de que as pessoas arruinarão os habitats e acabarão com algumas espécies, o que fará com que a extinção caia. Se a taxa de extinção, no geral, não começar a cair entre os próximos 100 anos, mais espécies provavelmente desaparecerão, causando uma maior perda de diversidade, segundo o estudo.

“Agora vivemos em um mundo que está se tornando cada vez mais pobre de grandes espécies selvagens de mamíferos”, disse Jens-Christian Svenning, coautor do estudo. “Os poucos gigantes remanescentes, como rinocerontes e elefantes, correm o risco de serem eliminados muito rapidamente.”

A União Internacional para a Conservação da Natureza prevê que 99,9% das espécies criticamente ameaçadas no mundo, além de 67% em extinção extinção, serão totalmente perdidas nos próximos 100 anos (o que não inclui apenas mamíferos). Isso significaria que a Terra poderia estar entrando em sua sexta extinção em massa (era na qual os ambientes do planeta mudam tanto que a maioria das espécies animais e vegetais morrem). Das outras vezes cinco vezes que esse tipo de extinção ocorreu, os desastres naturais foram os culpados. Mas agora, o principal vilão é o próprio ser humano.

A evolução é o mecanismo de defesa do planeta contra a perda de biodiversidade: à medida que os habitats e climas mudam, algumas espécies morrem e outras surgem lentamente. Esse processo é muito mais lento do que a rapidez da própria extinção.

Apesar do cenário preocupante, os cientistas afirmam que a pesquisa pode ser usada para descobrir quais espécies ameaçadas são únicas na evolução, o que ajudaria os conservacionistas a decidir onde concentrar seus esforços para evitar extinções mais devastadoras.

Fonte: noticias.ambientebrasil.com.br (Revista Galileu) 16/10/2018

Macacos não transmitem febre amarela. Denuncie agressões.

imagem sem descrição.

Agredir ou matar macacos é crime ambiental e prejudica o trabalho de prevenção dos surtos de febre amarela. Além de não transmitirem o vírus, macacos são os primeiros a morrer com o contágio em ambiente silvestre, servindo de alerta para que sejam adotadas medidas de controle.

Lei n° 9.605/98 estabelece detenção de seis meses a um ano e multa para quem matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. A pena é aumentada em 50% quando o crime é praticado contra espécies ameaçadas de extinção.

Ao encontrar um macaco morto ou doente, a população deve informar ao serviço de saúde do município, do estado ou ligar para o Disque Saúde (136), serviço do Ministério da Saúde. Ao receber o relato, técnicos avaliam se há possibilidade de coletar amostras para análise em laboratório e se a morte foi isolada ou atingiu um número maior de primatas.

O surto de febre amarela representa uma grave ameaça para os macacos que habitam a Mata Atlântica. Parte significativa dos primatas do bioma está ameaçada de extinção, entre eles o Bugio, o Macaco-prego-de-crista e o Muriqui do sul e do norte.

O Ibama recebe denúncias de maus-tratos a animais silvestres pelo telefone 0800-618080 (de segunda a sexta, das 8h às 18h), pelo site E-Ouv e presencialmente em todas as suas unidades. Fotos e vídeos facilitam a investigação do crime e a identificação dos responsáveis.

Fonte: Assessoria de Comunicação do Ibama 22/01/18

Obama pede que Trump não ignore “tendência” a energias renováveis

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou seu sucessor na Casa Branca, Donald Trump, nesta segunda-feira (9) sobre ignorar a tendência “irreversível” rumo a um mundo de energias limpas e “afastar-se” do Acordo de Paris, o que, em sua opinião, “prejudicaria” os interesses econômicos do país.

Em artigo publicado na revista “Science” e intitulado “A tendência à energia limpa é irreversível”, Obama afirma que há muito tempo se sabe, com base em “um registro científico maciço”, que “a urgência de agir para mitigar a mudança climática é real e não pode ser ignorada”.

“Embora a nossa compreensão sobre os impactos das mudanças climáticas seja cada vez mais incrivelmente clara, ainda há um debate sobre o curso adequado para a política dos Estados Unidos – um debate que está muito em voga durante a atual transição presidencial. Mas deixando de lado a política de curto prazo, as crescentes evidências econômicas e científicas me deixam confiantes de que as tendências para uma economia de energia limpa que surgiram durante a minha presidência continuarão e que a oportunidade econômica para que o nosso país aproveite essa tendência só vai crescer”, escreve Obama.

Obama lembra em seu artigo que Trump, que assumirá a presidência no próximo dia 20, terá a oportunidade de desenhar sua própria política contra a mudança climática, mas aconselha que ele não trate o assunto como uma “questão partidária”. Segundo o líder, “nenhum país é mais bem preparado para enfrentar o desafio do clima e colher os benefícios econômicos de um futuro com baixa emissão de carbono do que os Estados Unidos e que a participação contínua no Acordo de Paris trará grandes benefícios para o povo americano e para a comunidade internacional”.

Para isso, Obama acredita ser fundamental que os Estados Unidos continuem vinculados ao documento porque, caso se afaste, “perderia seu lugar na mesa para manter outros países em seus compromissos, exigir transparência e encorajar a ambição”.

“Independentemente das políticas internas dos Estados Unidos, isso prejudicaria nossos interesses econômicos ao nos afastarmos da oportunidade de responsabilizar os países que representam dois terços das emissões globais – incluindo China, Índia, México, membros da União Europeia e outros”, adverte Obama no artigo.

Trump já chegou a negar a realidade da mudança climática e de qualificar a questão como um “engano dos chineses”. Durante a campanha eleitoral, se mostrou favorável a tirar o país do Acordo de Paris e afirmou que suspenderia todas as verbas dos Estados Unidos para a Organização das Nações Unidas (ONU) que tenham a ver com a mudança climática.

Trump escolheu Scott Pruitt, procurador-geral de Oklahoma e um cético sobre a mudança do clima, para liderar a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

Fonte: ambientebrasil.com.br (Terra) 10/01/2017

Como “Vale do Silício” na Amazônia pode ser único jeito de salvar floresta

A maior floresta tropical do planeta pode se transformar no próximo “Vale do Silício” e mudar os paradigmas de desenvolvimento sustentável.

A proposta de fazer da Amazônia um polo de inovação tecnológica em grande escala parte de um grupo de cientistas que, em estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), defende que os 6,7 milhões de km² da floresta escondem matérias-primas que devem impulsionar a quarta revolução industrial.

De acordo com os autores, produtos e serviços inovadores de alto valor agregado podem ser criados ao unir as avançadas tecnologias digitais e biológicas –como inteligência artificial, robótica, internet das coisas, genômica, edição genética, nanotecnologias, impressão 3D– com o conhecimento tradicional da região.

O estudo foi liderado por Carlos Afonso Nobre, da Academia Nacional de Ciências dos EUA e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo empreendedor peruano Juan Carlos Castilla-Rubio, engenheiro bioquímico da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e presidente da Space Time Ventures, empresa especializada em inovações da quarta revolução industrial.

“As nossas análises mostraram que, se continuarmos com os dois modelos de desenvolvimento historicamente usados, que são a conservação pura da floresta e a atividade agropecuária, o desmatamento vai continuar. Se não encontrarmos uma outra maneira, a floresta vai desaparecer”, afirmou em entrevista à DW Brasil Carlos Nobre, principal autor do estudo.

Chamada de “terceira via”, a proposta dos cientistas enxerga a Amazônia como um patrimônio biológico global, que pode impulsionar a nova revolução movida a inteligência artificial e tecnologias que “imitam” a natureza – o biomimetismo.

“Existe um valor agregado muito maior nos recursos biológicos da Amazônia que podem gerar uma economia muito robusta, de longo prazo, que sustentará um novo modelo e que é compatível com a floresta em pé” Carlos Nobre

Desvendar de que plantas e animais são feitos, como organismos se locomovem e percebem o ambiente, por exemplo, são a chave para criação de materiais, sensores e até robôs do futuro.

“Conhecemos o caso de uma espuma resistente produzida por um sapo que inspirou a criação de uma nova tecnologia de captura de CO2 da atmosfera”, diz Juan Carlos Castilla-Rubio.

A Amazônia também é fundamental no combate às mudanças climáticas – a estimativa é que suas árvores armazenem até 200 bilhões de toneladas de carbono. A liberação desse gás de efeito estufa na atmosfera poderia elevar a temperatura do planeta num ritmo ainda mais acelerado.

“Talvez a proposta de explorar esse patrimônio biológico seja, de fato, a única possibilidade de conservar a Amazônia” Nurit Bensusan, especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA)

“Mas é preciso muito cuidado para que haja a repartição de benefícios, para que a exploração dos recursos naturais não vire patentes nas mãos de empresas internacionais detentoras de tecnologia”, alerta.

“Vale do Silício” amazônico

Para Castilla-Rubio, a Amazônia é o próximo centro de inovações do mundo, mas ainda é cedo para dizer se a floresta tropical será tomada por laboratórios de alta tecnologia.

“Ainda não sabemos como isso vai acontecer exatamente, é um tema que vai durar 20 anos ou mais. Mas sabemos que a capacidade e conhecimento local precisam ser reforçados, e muito”, comenta o especialista, que compara o nível de dificuldade do projeto “à ida do homem à Lua”.

Atualmente, apenas 2% dos doutores formados anualmente no Brasil vêm de universidade amazônicas.

Ao mesmo tempo, a Amazônia é o lar de cerca de 2,7 milhões de indígenas. Para que essas comunidades se beneficiem do “Vale do Silício Amazônico”, a pesquisadora Bensusan diz que é preciso reverter uma tendência: Os conhecimentos tradicionais são desrespeitados. É preciso reconhecer seu importante papel identificando determinados princípios, usando plantas e animais para processos de cura e cosméticos, fazendo a distribuição espacial de muitas espécies, e o manejo

Nobre reconhece as dificuldades. “É difícil essa articulação do que realmente retorna para os povos da floresta quando o conhecimento deles é apropriado e se torna um produto no mercado. Mas a Lei da Biodiversidade está aí para ser testada”, diz o cientista, fazendo referência à legislação aprovada em 2015, que prevê pagamento às comunidades indígenas por parte da indústria.

É por isso que a revolução impulsionada pela Amazônia tem que ser inclusiva, defende Nobre.

“E a única maneira de isso acontecer é pela qualidade da educação. E não dá para eliminar o governo: é ele que tem que garantir capacitação profissional e pesquisa básica. A revolução vai acontecer, queremos que ela traga o melhor impacto e benefício para a floresta e quem vive dela”, finaliza.

Cenário catastrófico

Em mais de 50 anos de exploração da Amazônia, que se estende por 9 países e ocupa 47% do território brasileiro, a expansão da agropecuária e ocupação já desmataram 20% da floresta.

Segundo diversos estudos publicados por climatologistas, se mais de 40% da floresta for destruída, a mata densa não consegue mais se recuperar e se transforma numa savana.

Fonte: UOL (DW Brasil e Estadão Conteúdo) 23/09/2016

UE atribui a membros mais ricos tarefa de reduzir emissões de gases estufa

A União Europeia (UE), comprometida com o acordo do clima de Paris, revelou nesta quarta-feira uma base de negociações para suas metas de redução de gases do efeito estufa até 2030, distribuídas Estado por Estado, deixando a maior parte do esforço para os seus membros mais ricos.

A promessa da UE no acordo alcançado em dezembro na COP21, em Paris, foi reduzir em 40% a emissão desses gases que contribuem para o aquecimento global – dióxido de carbono (CO2), metano, óxido nitroso, etc. – em relação aos níveis de 1990.

Para isso, deve mobilizar todos os setores da sua economia – por um lado, o da indústria e eletricidade, relacionado com o sistema de intercâmbio de cotas de emissões no mercado de créditos de carbono, e por outro, os setores da construção, agricultura, gestão de resíduos e transportes (exceto aéreo e marítimo).

A Comissão se dedicou, nesta quarta-feira, particularmente a este segundo grupo. Estes setores deverão contribuir reduzindo suas emissões em 30%, em relação aos níveis de 2005.

A proposta adiantada por Bruxelas pede que os maiores esforços sejam feitos pela Alemanha, primeira economia europeia e maior emissor desse tipo de gases, que deverá reduzi-los em 38%.

A França, em 37%, assim como o segundo maior emissor, o Reino Unido, cuja situação está em suspenso devido ao ‘Brexit’ – embora o país esteja incluído, desde um ponto de vista legal, nos objetivos do bloco até o momento da sua saída, segundo o comissário europeu do Clima e Energia, Miguel Arias Cañete.

Bélgica, Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Finlândia e Suécia deverão reduzir entre 35% e 40% suas emissões.

Objetivos ‘realistas’ – Por outro lado, o esforço imposto às economias menos ricas da UE será menor. Assim, a Bulgária deverá manter um nível de emissões similar ao de 2005. Já a Croácia, Letônia, Lituânia, Hungria, Polônia (quinto maior emissor europeu) e Romênia deverão reduzi-las entre 2% e 9%.

“Estes objetivos são realistas, equitativos e flexíveis”, alegou Arias Cañete.

A proposta, muito técnica e repleta de anexos, oferece aos Estados membros várias soluções para modular seus esforços. A Comissão estabeleceu, além disso, objetivos anuais.

Desse modo, os países da UE poderão “economizar” créditos de emissão e utilizá-los durante um ano em que tenham mais dificuldade para atingir os objetivos propostos, seja por questões climáticas ou conjunturais.

A proposta prevê também a possibilidade de vender ou alugar as cotas de emissão entre os Estados membros.

Finalmente, enquanto a UE inclui pela primeira vez as terras e florestas na sua estratégia para o clima e a energia, os países comunitários poderão se ajudar com “créditos” no caso de uma contribuição positiva neste setor, que é ao mesmo tempo gerador de CO2 e capaz de absorvê-lo. As florestas europeias absorvem o equivalente a 10% das emissões totais de gases do efeito estufa.

Apesar das taxas serem definidas a nível comunitário, os Estados membros serão responsáveis por decidir individualmente que medidas tomar para atingir os objetivos estabelecidos.

A proposta da Comissão ainda deverá seguir o caminho legislativo previsto e ser debatida a nível do Parlamento europeu e dos países integrantes da UE.

Fonte: noticias.ambientebrasil.com.br (UOL) 21/07/2016

 

Técnica revolucionária faz sucesso na recuperação de áreas degradadas

Uma técnica considerada revolucionária tem sido cada vez mais usada na recuperação de pastos e áreas degradadas: o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta.

Uma fazenda em Ipameri, no sudeste de Goiás, é referência da Embrapa no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta. Trabalhando num esquema que favorece o meio-ambiente, a propriedade produz soja, milho, boi e eucalipto com uma situação de custos bastante favorável. Há nove atrás, porém, o local só tinha áreas degradadas e trabalhava no vermelho. Hoje, a área é o cenário ideal para buscar a palavra de ordem do agrônomo João K, que quer as fazendas brasileiras fazendo quatro safras por ano.

“Nós fazemos a safra de verão, que é com soja. Colhemos a soja e fazemos uma safrinha de milho consorciada com capim. Colhemos o milho e colocamos uma safrinha de boi. Tiramos o boi e fazemos uma safra de palhada para o plantio direto e gerar matéria orgânica no solo. Então, são quatro safras dependentes apenas de chuva, sem irrigação”, diz o agrônomo.

O eucalipto também começou a entrar no sistema nos últimos anos e pode render outras safras de madeira.
O agrônomo paranaense, de origem ucraniana, é conhecido pela expressão João K, por causa do sobrenome difícil ‘Kluthcouski’. Assim ele é conhecido tanto na Embrapa Arroz e Feijão, onde trabalha, quanto nas fazendas que visita.

O Globo Rural acompanha o trabalho de João K e sua equipe há mais de 30 anos. Em sucessivas reportagens, o programa mostrou os trabalhos do agrônomo. Começou no consórcio de arroz com capim. Seguiu para o milho, sorgo, guandu, girassol, soja e outras plantas. A base é sempre semear junto a lavoura e o capim, fazendo rotação de culturas e plantio direto, mexendo na terra o mínimo possível. A tecnologia está se mostrando revolucionária para climas tropicais.

Fonte: noticias.ambientebrasil.com.br (G1) – 19/02/2116

Onde há vento, não há crise

Projeta-se para 2023, a geração de 40 mil empregos, instalação de 11 fábricas (com demanda crescente de mão de obra especializada) e R$ 6 bilhões de investimentos previstos por conta dos leilões de energia já realizados

Enquanto o Brasil amarga uma das piores crises econômicas de sua História, o vento pede passagem. A palavra crise passa longe da cadeia de produção de energia eólica, que já responde por 5% de toda a energia consumida no país (em 2023 deverão ser impressionantes 23%) com aproximadamente 40 mil empregos gerados, 11 fábricas instaladas – com demanda crescente de mão de obra especializada – e R$ 6 bilhões de investimentos previstos por conta dos leilões de energia já realizados.

É no Nordeste do país que os parques eólicos se multiplicam mais rapidamente. Ventos fortes e regulares determinam a atratividade do negócio que tornou o Brasil o 4º país do mundo que mais investiu nessa fonte em 2014, atingindo o 10º lugar no ranking internacional das nações que mais produzem energia eólica.
Ventos fortes e constantes atraem investidores no RNDestaque para o Rio Grande do Norte, que apesar da pequena extensão territorial, se tornou o grande provedor de energia do Brasil a partir do vento, com 34% de toda a capacidade instalada no país. São 81 parques eólicos em operação, 22 em construção e outros 77 já autorizados. Se a natureza foi generosa com os potiguares soprando os ventos que fazem a alegria dos investidores – e dos muitos proprietários rurais, invariavelmente pequenos, que recebem royalties pela energia gerada – os gestores públicos tentam fazer a parte que lhes cabe. Foram 2.500 licenciamentos ambientais concedidos em um estado onde não se leva mais do que 3 horas para abrir uma nova empresa.
Castigado por quase 5 anos de severa estiagem, o Nordeste deve aos parques eólicos (pelo menos até agora) a eliminação do risco de desabastecimento de água para abastecimento humano. Cada MW de energia gerado pelo vento permite que menos água saia dos reservatórios para esse fim. A região também se beneficia do fato de que é justamente nos períodos de seca que o vento sopra mais forte. Nos meses de chuva – quando chove – há menos ventos. A chamada “complementaridade” torna o sistema elétrico mais eficiente e seguro.
No último dia 11 de agosto, registrou-se um feito histórico: o fator de capacidade (o percentual de energia efetivamente gerado) dos ventos do nordeste foi de 80% – um recorde – muito acima, por exemplo, da média mundial que oscila na faixa dos 30%. Até o Diretor-Geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, a quem cabe a pilotagem do sistema interligado nacional, declarou-se surpreendido com o desempenho do setor eólico. Sincero, ele também admitiu que mudou de opinião em relação a importância do vento na matriz energética brasileira. Se há 5 anos o clima era de desconfiança, pelo fato da energia eólica ser intermitente, hoje prevalece a certeza de que sem os ventos a situação seria muito pior.
Hermes Chipp foi um dos convidados da mesa redonda mediada por mim no primeiro dia de debates do  Windpower Brazil 2015, que acontece até amanhã no Rio de Janeiro reunindo mais de 2 mil participantes de 804 empresas nacionais e estrangeiras.
Quem quiser conferir de perto o evento deve se preparar para uma sensação estranha, uma espécie de vertigem, ao se deparar com uma avalanche de dados, números, estatísticas, projeções e depoimentos de quem parece distante da crise econômica do país. “Crise, que crise?”, é a pergunta que não quer calar quando o assunto é energia eólica.
Fonte: ecoagencia.com.br (André Trigueiro – Mundo Sustentável) 02/09/2015

 

Redução de gases de efeito estufa traz ganho econômico ao país, diz observatório

O Observatório do Clima, rede de 37 entidades brasileiras voltadas para a discussão das mudanças climáticas no país e no mundo, apresentou nesta quarta-feira (2), em Bonn, na Alemanha, à imprensa internacional, a proposta da sociedade civil para a redução da emissão de gases de efeito estufa no Brasil. Pelo documento, o país deve limitar as emissões a 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2030, uma redução de 35% em relação aos níveis de 2010.

Cientistas de diversas instituições estudaram a curva de emissões do Brasil e indicaram medidas para permitir que o país cumpra o desafio proposto com a redução das emissões a partir de mudanças na agricultura, geração de energia e uso da terra.

O coordenador geral do Observatório, Carlos Rittl, afirmou que, caso o governo assuma a meta, será necessário esforço, mas não sacrifício, por parte do Brasil. Para ele, quanto mais o país fizer para reduzir as emissões, mais benefícios econômicos pode ter. “O Brasil tem a capacidade de fazer diferente, e com ganhos econômicos. A mitigação de emissões nos traz grandes oportunidades, assim como não fazer nada nos traz grandes riscos”, disse.

O especialista garante que investimentos na recuperação de pastagens degradadas e na expansão da agricultura de baixo carbono, por exemplo, podem criar cadeias produtivas que vão gerar novos empregos e trazer ganhos para a economia. “Cerca de 10% do território nacional é composto por pastagens subutilizadas, degradadas ou abandonadas. A recuperação dessas áreas geraria benefícios econômicos, ao dinamizar os setores que vão atuar nesse processo, além de ter outros efeitos positivos como a diminuição da vulnerabilidade hídrica, que também traz prejuízos.”

Segundo Carlos Rittl, até o final de julho de 2015, mais de 1500 municípios do Brasil haviam decretado situação de emergência ou calamidade pública por conta de desastres ligados ao clima, como enchentes, estiagens e deslizamentos de terra. “O aquecimento global poderia piorar esse cenário.”

O documento também sugere a neutralidade de carbono no mundo em 2050 e, no Brasil, propõe a restauração de pelo menos 14 milhões de hectares de florestas nativas, aumento de energias renováveis não-hidrelétricas na geração de energia de 12% para 40%, expansão do uso de biocombustíveis e restauração de 18 milhões de hectares de pastagens degradas, entre outras medidas.

O coordenador geral do Observatório do Clima, Carlos Rittl, destacou que um dos objetivos da divulgação da proposta, considerada ambiciosa, é sensibilizar a sociedade civil de países desenvolvidos, que têm maior responsabilidade pela crise climática, a também se comprometerem e pressionarem os governos por metas ousadas de redução.

O documento do Observatório do Clima foi entregue ao governo brasileiro em junho de 2015. O governo ainda não apresentou sua proposta oficial de redução, que deve ser entregue até o dia 1º de outubro.

Contexto internacional – O anúncio do Observatório do Clima foi feito em Bonn, na Alemanha, durante reunião preparatória para a 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas de Paris, prevista para dezembro. No encontro, representantes dos países signatários da Conferência estão elaborando o texto base que será o ponto de partida para o acordo internacional, com o objetivo de evitar que o aumento da temperatura global ultrapasse 2º Celsius, valor considerado limite por cientistas e governos para evitar mudanças catastróficas no planeta.

O secretário de Mudanças Climáticas do MMA, Carlos Klink, informa que especialistas dos ministério do Meio Ambiente, das Relações Exteriores, da Fazenda, da Agricultura, de Minas e Energia e da Ciência e Tecnologia estão participando oficialmente do debate.

O secretário avaliou que a contribuição de diversos setores para a construção da meta do Brasil é um sinal de amadurecimento do país no tema. “Fizemos consultas públicas formais no ano passado e neste ano, além de encontros com o setor industrial, financeiro, agrícola e energético.”

Para o secretário, o assunto precisa ser muito debatido, pois o compromisso é sério e não dá pra voltar atrás. “Como é um acordo de caráter vinculante, é pra valer, e o compromisso assumido terá que ser cumprido.”

Segundo Klink, é preciso tomar cuidado com soluções rápidas, pois a questão do aquecimento global não é simples. “O acordo sobre clima envolve questões complexas e vai traçar políticas para o futuro do Brasil. Não é simples, não é só fazer isso ou aquilo para resolver o problema. É uma questão que exige muito planejamento e metas, mas vamos seguir na direção da redução, em busca de avanços.”

Fonte: noticias.ambientebrasil.com.br (Agência Brasil) 03/09/2015